quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Não existem gênios nem santos - nem o Mino Carta

Por Miguel do Rosário

É por isso que não acredito em santos ou gênios. Em texto bobo, confessadamente motivado por depressão, Mino Carta reúne todas suas críticas, justas e injustas, no mesmo saco. De fato, a Carta Capital sofre boicote da publicitários e empresas. Traz apenas alguns poucos anúncios públicos. O poder econômico de São Paulo quer impor o pensamento único à força. Entendam-me. Meu respeito e admiração por Mino Carta continua o mesmo. Periodicamente, contudo, ele paga o dízimo para o ceticismo sombrio de sua ideologia sem compromisso com a realidade. O seu país de origem, a Itália, é governado por Silvio Berlusconi justamente pela falta de competência de suas esquerdas. Talvez fosse melhor que Mino direcionasse sua metralhadora depressiva para lá. Elegendo Berlusconi, a Itália envergonha a Europa. Enquanto o eleitorado conservador americano surpreende positivamente o mundo e elege Obama, a Itália retrocede. A opinião pública italiana, a meu ver, é que está "ausente".

O desenfreado Febeapá originado pelo Caso Battisti tem o poder de me desanimar. É a prova da ausência de uma opinião pública contemporânea do mundo, à altura de um país digno de ocupar o lugar que, de fato, lhe compete.


Que isso, seu Mino! Você pode dizer que não aprova a opinião pública brasileira, que ela é uma merda, que é fascista, de um lado, esquerdóide, de outro. Mas falar de ausência! A blogosfera pega fogo, com milhares de pessoas debatendo encarniçadamente, com sangue na boca, e você aí, ditando o texto para sua secretária, quer eliminar a nossa existência?

O texto é cheio de frases dispersas, soltas, sem sentido. Claro que, só por ter criticado Lula, automaticamente irá ganhar destaque em toda parte. Noblat já pescou a nota e publicou em seu site.

Mino Carta tem acessos de sabichanismo. Como se ele tivesse a fórmula para todas as questões. E tem o péssimo costume de flertar com um certo esquerdismo blasé da avenida paulista. Num dia comenta os melhores vinhos vendidos em São Paulo, noutro os melhores restaurantes dos Jardins, noutro tece loas ao MST.

Em seu texto, Mino Carta repete, ponto por ponto, a opinião da burguesia paulista. Partindo do caso Battisti, Mino envereda por lamúrios empresariais, mordidinhas ideológicas, elogios à revista Veja (!), denúncias de preconceito político. Encerra dando uma pirueta: fazendo um elogio à política externa, antes de lançar um lamúrio final, dizendo que não precisávamos do caso Battisti.

Na realidade, o caso Battisti constrange justamente aqueles que não queriam ver o governo Lula como "de esquerda", como a Carta Capital. A revista, de longe a melhor do Brasil, prefere ser, ela, uma referência de esquerda para um governo de centro ou centro-esquerda. Uma esquerda progressista, capitalista, moderna, claro. De repente, todavia, a revista se vê perante um fantasma da guerra fria para o qual não estava preparada. O ódio fascista das madames da Fiesp se intensificará, deixando a atmosfera ao redor da Carta Capital ainda mais enevoada de preconceitos ideológicos.

Acabou-se o tempo dos "mestres", que, inteligentes e bem informados, eram nossos "representantes" políticos na mídia. Hoje é cada um por si. Cada um tem que formar a sua própria opinião. Melhor assim.

Fonte: http://oleododiabo.blogspot.com/2009/01/nao-existem-genios-nem-santos-nem-o.html

A estética da mentira

Por Miguel do Rosário

O que me deixa triste é a falta de escrúpulos com que a imprensa brasileira estupra a verdade, em prol de suas campanhas golpistas. Veja o caso do Cesare Battisti, o escritor italiano beneficiado pelo governo com um asilo político. As opiniões se dividem neste caso, e creio que não há nada de mais em criticar a decisão do ministro da Justiça. O que vem acontecendo, todavia, é a criação de um front de embate político, partidário e ideológico. A mídia corporativa talvez não quisesse esse embate. Talvez quisesse apenas usar o fato para constranger o governo e criar fatos políticos que preparem a vitória de José Serra em 2010.

Bem claro está, afinal, que a mídia não busca oferecer espaço para um debate. Ela quer ser juiz. Quer julgar e condenar Battisti e o governo. Enquanto o Estado tem o poder de encarcerar fisicamente as pessoas, a mídia tem o poder de violentá-las psicologica e moralmente.

Ia dizendo, contudo, que o grave não é criticar a decisão de Tarso. Grave é mentir. Os colunistas midiáticos que comentam o caso, sempre criticando o governo, SEMPRE citam o caso dos boxeadores cubanos. Merval Pereira, em sua coluna de hoje, não somente afronta a verdade, como vomita sobre a lógica, ao afirmar que a recente fuga de um dos pugilistas de Cuba desmente a versão do governo de que eles, após largarem a competição e fugirem com um alemão, queriam voltar. Ora, não é apenas versão do governo. Representantes do Ministério Público e da Organização dos Advogados do Brasil também entrevistaram os rapazes e afirmaram que eles queriam retornar à seu país de origem. Eles mesmos, em entrevistas concedidas em Cuba, disseram ainda mais: que agentes da Polícia Federal brasileira tentaram persuadi-los de que seria mais vantajoso, para eles, permanecer no Brasil.

Aí o Merval diz que eles foram eliminados das competições internacionais. Ora, valha-me Deus! Os caras infringiram o principal dos códigos de ética do atleta! Eles abandonaram a competição no meio! Tudo bem fugir da ilha, mas não no meio de uma competição internacional, ou então, como fizeram outros atletas cubanos, na mesma competição, no mesmo ano: que fugissem após o término da mesma. Uma das características mais importantes para um atleta é a disciplina.

Rolam boatos de que eles estariam sendo perseguidos em Cuba. É claro que esses boatos são ampliados por interesse ideológico. Mas o fato é que, a partir do momento que está provado que os cubanos voltaram por sua livre e espontânea vontade, que outros atletas cubanos que pediram para ficar no Brasil, puderam ficar, então nós não podemos culpar o governo brasileiro pelos problemas que eles possam vir a sofrer em Cuba, assim como não podemos culpar Tarso Genro pela fome no Haiti ou pela tortura na prisão de Guantánamo.

Critiquem a não-extradição de Battisti, mas deixem os atletas cubanos fora dessa história! Todas as notícias relacionadas aos mesmos deixam bem claro que eles quiseram voltar. Se, em algum momento, eles tivessem manifestado a intenção de permanecer no Brasil, o governo teria concedido asilo, como fez com outros atletas cubanos, na mesma competição e em tantas outras ocasiões.

Não acho Cuba o melhor dos mundos. Não acho Cuba maravilhosa. Tenho, contudo, uma visão com perspectiva histórica sobre Cuba, sobre a América Central, sobre a América Latina. Não foram os cubanos que transformaram a democracia e os direitos humanos numa piada de mau gosto. Quem fez isso foi a direita, foram as elites do continente, com o apoio direto dos Estados Unidos. No Chile, caças americanos bombardearam o palácio presidencial, matando Salvador Allende, um presidente eleito num sistema democrático livre e moderno. Quando mataram Allende, mataram o sonho de milhões de latino-americanos, não apenas chilenos. Quando derrubaram Jango, mataram o sonho de milhões de latino-americanos, não apenas de brasileiros. Quando Fulgêncio Batista assumiu o poder em Cuba com um golpe de estado e acabou com as instituições democráticas, ele não exterminou as esperanças apenas da juventude cubana de mudar as coisas democraticamente, mas de toda juventude ao sul do Rio Grande. Não foi por outra razão que tantos jovens pegaram em armas. Poucos anos antes, Che Guevara fizera trabalhos no México para o governo de Jacobo Arbenz Guzmán, eleito pelo voto direto - e também deposto por um golpe de estado, em 1954, articulado pelos americanos. Como, em tais circunstâncias, o jovem Chê, ou qualquer outro jovem latino-americano, se empolgaria com as vantagens de uma democracia?

E agora, cinquenta anos depois, a direita, através de seus house-organs, querem nos empurrar a tese de que a esquerda latino-americana é que é autoritária? Que aqueles jovens guerrilheiros que pegaram em armas para combater as ditaduras sangrentas de então, eles é que não acreditavam na democracia? Ora, se você defendesse democracia nos anos de chumbo, era classificado imediatamente como subversivo, preso, e lançado no oceano atlântico, do alto de um helicóptero.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Uma ode ao Fórum Social de Belém

Palavras de ordem

Uma ode ao Fórum Social de Belém

Por Bernardo Kucinski

O mundo é complicado
Nossa tarefa também

Julgar sem pré-julgar
Demarcar sem excluir
Incluir sem forçar
Somar, fazer bonito
O mundo é infinito

Mais

Fonte: http://mariafro.blogspot.com/2009/01/uma-ode-ao-frum-social-de-belm.html

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Quarentena Bienal

Clique na imagem para ampliar
Hoje estou escrevendo com dificuldade por causa de inflamação na ponta do dedo = indicador esquerdo, que coetei ao usar um estilete para aparar as unhas
( )quaentena digo quarentena
este nome me lembrar do blog quarentena na XXVIII Bienal de SP, um projeto de Edson Barruss, spin multimidia, humano
qual o motivo = demanda de um blog para as coisas = obras = palavras = pessoas = videos = tudo o tempo da compreensão = desanuviamento = autorização
é que hoje ao acordar deparei-me com um acidente trânsito, filmei mas a vítima do acidente não permitiu o registro alegando tratar-se de exigência da empresa Papelaria Dinâmica
como pode proibir se sou spin jornalista ambulante = nÕmade
tudo bem, por isso coloquei o vídeo sob quarentena, somente os envolvidos no acidente estão autorizados a ver o filme
onde estou
aqui
http://josecarloslima40.blogspot.com/2009/01/acabei-de-autorizar-entrada-de-elias.html
como disse, este filme só será exposto ao público em geral após a compreensão = quarentena, que ocorre após 40 dias virtuais que, é claro, pode ser daqui a pouco, pois que agora o tempo é outro e não mais o velho calendário gregoriano